Iranduba (AM) – O município de Iranduba vive uma crise alarmante em sua principal unidade de saúde. O Hospital Hilda Freire, referência local no atendimento emergencial e hospitalar, enfrenta um colapso estrutural e institucional jamais visto. Equipamentos quebrados, falta de insumos e medicamentos, escalas incompletas e perseguições a profissionais comprometidos revelam um retrato devastador da saúde pública sob a atual gestão.
Relatórios internos, aliados a depoimentos de médicos e funcionários, escancaram uma política de retaliação sistemática contra profissionais que ousam denunciar os abusos e negligências. “Trabalhar no Hilda Freire hoje é colocar a própria carreira e a vida dos pacientes em risco. A ordem é silenciar quem fala demais”, relatou um médico sob anonimato por medo de represálias.
Em vez de enfrentar os problemas de infraestrutura e gestão, a Secretaria Municipal de Saúde tem adotado medidas punitivas: corte de plantões, demissões arbitrárias e até tentativas de devolução de profissionais concursados da SUSAM. Tais ações, segundo os denunciantes, caracterizam assédio institucional e revelam uma tentativa clara de encobrir a real origem da crise: a má gestão e o desmonte deliberado do serviço público.
O colapso se aprofundou após março, mês em que todas as escalas médicas estavam completas, muitas inclusive com duplas por plantão. Após a demissão injustificada de diversos médicos, as escalas ficaram descobertas, forçando pacientes a enfrentarem filas, transferências desnecessárias e até situações de abandono em emergências, como aponta um dos relatórios analisados, que denuncia a falta de ventiladores pulmonares em funcionamento.
Mas o problema não está restrito à saúde. A atual gestão municipal, segundo moradores e ex-servidores, aparelhou a máquina pública para atender interesses eleitorais e manter seu grupo político no poder. Um exemplo recente foi o processo seletivo para a Secretaria Municipal de Educação, realizado sem concurso público, que serviu para empregar cabos eleitorais e aliados da atual administração, em detrimento de candidatos mais qualificados, sem qualquer critério técnico transparente.
Enquanto profissionais são perseguidos e a população sofre com o descaso, apoiadores da atual administração se esforçam para manter a aparência de uma gestão eficiente, vendendo uma imagem de competência que não condiz com a realidade dos corredores do Hilda Freire. Muitos desses apoiadores ocupam cargos comissionados ou têm interesses diretos na permanência do grupo político que hoje comanda Iranduba.
Anúncio de reforma gera desconfiança e revolta entre profissionais
Em meio ao agravamento da crise no Hospital Hilda Freire, a atual secretária municipal de Saúde de Iranduba, Luanna Ferraz, que é também esposa do prefeito Augusto Ferraz, anunciou recentemente a realização de uma reforma na unidade hospitalar. O comunicado, feito através das redes sociais institucionais da prefeitura (consta do dia 22 de Março no perfil oficial do prefeito no Instagram), foi recebido com ceticismo por grande parte dos profissionais da saúde e da população.
A iniciativa surgiu no momento em que as denúncias de assédio institucional, demissões arbitrárias, falta de insumos, e perseguições políticas atingiram o ápice. Para muitos servidores, o anúncio soa como uma resposta apressada e midiática, uma manobra para amenizar o impacto negativo das críticas e proteger politicamente a gestão.
“É sempre assim: quando o escândalo ganha corpo, eles jogam uma promessa para confundir a opinião pública. Reforma não resolve perseguição, nem má gestão”, comentou um servidor público que pediu anonimato por medo de retaliações.
O fato é que, até agora, não há publicação de licitação, projeto técnico, cronograma ou sequer diálogo com os profissionais que vivenciam diariamente os problemas da unidade. O silêncio sobre os detalhes da reforma reforça a percepção de que se trata de mais um movimento com fins eleitoreiros, sobretudo diante das denúncias de que diversos cargos públicos vêm sendo ocupados por cabos eleitorais e aliados do prefeito, como ocorreu também no último processo seletivo da Secretaria Municipal de Educação, realizado sem concurso público.
Diante desse cenário, a sociedade civil e os órgãos de controle devem redobrar a vigilância. Transparência, participação popular e fiscalização rigorosa são essenciais para garantir que qualquer obra no hospital não seja apenas um disfarce para encobrir a verdadeira degradação do sistema de saúde de Iranduba.
O que a população pode fazer?
Cidadãos lesados e profissionais perseguidos podem e devem buscar representação junto aos seguintes órgãos:
Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) – Para denúncias sobre improbidade administrativa, perseguição institucional e violação ao direito à saúde;
Defensoria Pública do Estado do Amazonas – Para garantir a defesa dos direitos coletivos da população e o acesso à saúde;
Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM) – Para relatar abusos contra médicos e condições insalubres de trabalho;
Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) – Para questionar a legalidade de processos seletivos e contratações sem concurso público.
Além disso, cidadãos podem usar canais como a Ouvidoria do SUS, portais de transparência e petições públicas para exigir intervenção estadual ou federal, investigação das contratações irregulares e responsabilização dos gestores públicos envolvidos.
O Portal Curupira reafirma seu compromisso com a verdade, a justiça social e o interesse público. Diante das denúncias apresentadas nesta reportagem e de outras que possam vir à tona, abrimos espaço para que profissionais, cidadãos e representantes do poder público possam se manifestar.
Caso você tenha informações relevantes, denúncias ou deseje relatar abusos, perseguições ou situações de negligência por parte da administração pública de Iranduba (ou de qualquer outro município do Amazonas), entre em contato conosco de forma segura e sigilosa por meio dos seguintes canais:
Formulário de contato em nosso site: Clique aqui
WhatsApp: (92) 99354-8279

A própria administração municipal também pode utilizar esses canais para prestar esclarecimentos, apresentar documentos ou se posicionar oficialmente sobre os fatos relatados.
Enquanto o Hospital Hilda Freire mergulha em um colapso anunciado, a atual administração de Iranduba segue promovendo reinaugurações simbólicas — como escolas e unidades escolares fluviais — em eventos amplamente divulgados nas redes sociais. No entanto, a unidade hospitalar móvel, que foi destaque no primeiro mandato do prefeito Augusto Ferraz, parece ter caído no esquecimento, sem qualquer explicação sobre seu funcionamento.
Casos emblemáticos se acumulam. A UBS do bairro Morada do Sol passou meses em “reforma”, mas os únicos beneficiados foram os proprietários do imóvel improvisado onde a UBS funcionou temporariamente a 300 metros do local original, recebendo aluguéis públicos durante todo esse período. A reforma, por sua vez, nunca parecia terminar, e tampouco foi transparente quanto aos custos e resultados.
Mais recentemente, um flagrante de alagamento na UBS do bairro Alto, após uma chuva, expôs mais uma vez as fragilidades das obras promovidas pela gestão.
Esse padrão levanta um alerta importante: as reformas anunciadas com pompa muitas vezes escondem obras mal executadas, estudos técnicos frágeis ou inexistentes, e um evidente uso político da máquina pública. A esperança é que o “estudo” anunciado pela atual secretária municipal de Saúde para a reforma do Hilda Freire não siga o mesmo caminho do estudo da Secretaria de Educação, cujas escolas, mesmo recém-entregues, já apresentam problemas estruturais graves.
Diante disso, a população de Iranduba tem o direito — e o dever — de exigir transparência, fiscalização e responsabilidade. Chega de maquiagem institucional. O que o povo precisa é de serviços públicos funcionando com dignidade, e não de obras para foto e palanque.
É inadmissível que aconteçam casos como o relatado por Ketlen Souza, onde sua irmã sofreu um acidente de moto e, ao chegar ao hospital, não pôde realizar o exame de raio-X devido à indisponibilidade do equipamento. O governador Wilson Lima alegou desconhecer o problema e disse que iria verificar, enquanto isso, o hospital permanece sem um equipamento essencial para o atendimento da população.
Portal Curupira – A voz da Amazônia.


Além disso, a Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) recebeu a denúncia e, após uma visita técnica ao hospital, constatou diversas irregularidades, incluindo a falta de equipamentos essenciais, medicamentos e infraestrutura deteriorada. A DPE-AM instaurou um Procedimento Coletivo para averiguar o caso e discutir soluções com a Prefeitura de Iranduba e órgãos de saúde.
Essas denúncias refletem a insatisfação da população com a gestão da saúde pública e a necessidade de ações concretas para resolver os problemas enfrentados pelas unidades de saúde.
Seguiremos atentos e à disposição da população para garantir que a verdade venha à tona.